Nós não cremos que a igreja se encontre do jeito que Deus deseja; nem nós somos do jeito que Deus quer que sejamos. Achamos um absurdo, por exemplo, que não curemos os cegos nem levantemos os paralíticos; que exista pecado dentro da igreja e que algumas pessoas consigam permanecer anos a fio sem confessá-lo, sem se arrepender.
Lembro-me de quando ainda morava em Rubiataba e o Espírito Santo começava, de vez em quando, a visitar a igreja. Algumas pessoas, que sempre aparentavam ser “normais” na reunião, de repente ficavam endemoninhadas. Sabe por que o demônio não se manifestava antes? Porque a unção era baixa. Sobe a unção, e o demônio aparece na hora.
Avivamento significa que a nossa vida cristã como igreja (paixão por Deus, fé para a cura, amor pelos perdidos e poder para expulsar demônios) pode subir um grande degrau. Ainda estamos longe do que poderíamos ser e, por isso, devemos clamar por avivamento; para Deus nos levar a subir esse degrau e restaurar o ministério de cura, milagres, convicção do pecado, arrependimento. As pessoas hoje ouvem a palavra e a elogiam, mas não saem transformadas, não mudam de vida; não acontece quase nada na vida delas, e voltam no domingo seguinte para repetir a dose.
Contudo, enfatizar apenas peso por avivamento pode matar a igreja; ela não aguenta. Não pode ser só isso. Por exemplo, em nosso corpo há o fígado, que produz a bile, um fluido essencial para manter a saúde, mas que deve funcionar na hora certa, lugar certo e quantidade certa para não produzir sérias consequências. Não pode ter apenas bile, porque a bile corrói tudo o que vê pela frente, mas não deve corroer o corpo. A igreja local não pode apenas ouvir sobre avivamento, ela precisa ser
cuidada. Então, devemos lembrar-nos de manter em equilíbrio essas duas ênfases: paixão por avivamento (insatisfação com nosso estado espiritual atual, exortação profética para nos tirar do comodismo) e cuidado pastoral (encorajamento, aconselhamento, gratidão, rotina normal de família).
O avivamento que estamos esperando não é pequeno; não é uma reunião mais “abençoadinha”. O avivamento que esperamos é o derramamento do Espírito Santo sobre a terra, e ele vai levar a igreja para outro nível. Quando chegar, as pessoas vão se arrepender de seus pecados mesmo antes de entrar na igreja, assim como aconteceu no Avivamento no Congo; ou na Argentina quando um jovem seminarista, vendo o que estava acontecendo, pegou sua mala e foi embora. Avivamento de arrependimento de pecado, de mudança de vida, de choro, de cânticos espirituais celestiais, de cura, não acontecerá apenas na “nossa igrejinha”, mas em toda a Igreja do Senhor na face da terra.
Precisamos ter muito cuidado para não nos envolver com a rotina normal da igreja a ponto de perder a paixão por avivamento e abrir mão do alvo que é “toda carne cheia da glória de Deus, como as águas cobrem o mar”. Temos experimentado, recentemente, em Jundiaí, algo inédito, muito mais presença de Deus no louvor e na Palavra, pessoas chegando e se convertendo. Apesar de ser maravilhoso, isso é avivamento? Não! Logicamente, não devemos desprezar o que está acontecendo. Graças a Deus, ele está começando a responder a oração enviando gotinhas de chuva, mas queremos mais. Precisamos ser gratos, reconhecer, honrar, animar e encorajar, mas nunca abrir mão do avivamento que estamos esperando.
O primeiro sinal de avivamento é a oração contagiante, quando as pessoas vêm para orar sem ser pressionadas ou forçadas. Elas vêm orar porque querem orar e porque veem outros orando. Elas são contagiadas pelo “vírus” da oração, e isso é um sinal de avivamento. Você não tem isso ainda na sua igreja? Então,
ore mais até que Deus comece a tocar os corações e as pessoas comecem a sentir esse toque. Quando entramos numa igreja onde há muita oração, podemos sentir os efeitos no ambiente; é diferente. Oração é cumulativa, ela é acumulada durante horas e anos; não é de uma hora para outra, acumular oração gasta tempo.
O outro elemento que sempre precisa acompanhar Avivamento é a Reforma. São coisas complementares. Não é bom ter um sem o outro. Reforma significa que, quando o Espírito Santo começar a agir, não será das mesmas maneiras que agiu no passado. Ele sempre quer fazer coisas novas porque é criativo. E quando começa a se manifestar de maneira nova (avivamento), nossas estruturas precisam mudar (reforma) para adequar-se a isso.
Por exemplo: Jesus falou sobre o mal que faz colocar vinho novo em odres velhos. O vinho novo é efervescente e rompe os odres velhos e inflexíveis. Estruturas velhas não conseguem conter as novidades que o Espírito traz. Se queremos avivamento, um novo mover do Espírito, precisamos estar dispostos a aceitar novas formas de culto, de governo na igreja, de adoração, de evangelismo, de serviço social. Precisamos de elasticidade, maleabilidade, flexibilidade. Precisamos ter a mente aberta, porque o Espírito Santo não vai começar a agir de maneira forte, mas bem discretamente. Porém, se você abre espaço e cria estruturas adequadas, ele começa a intensificar sua maneira de agir.
É muito triste admitir isso, mas apesar de muitas vezes orarmos, clamarmos e insistirmos, buscando avivamento, quando o Espírito começa a mover-se de forma diferente da que imaginamos, passamos a resistir a ele e a criticar as pessoas que começam a agir de formas novas. É possível sufocar o avivamento em seu nascedouro. A Palavra nos exorta: “Não extingais o Espírito” (1 Ts 5.19); “Não entristeçais o Espírito” (Ef 4.30). As estruturas antigas, que suportavam o fluir superficial do rio
de Deus, não aguentam quando esse rio começa a transbordar. Precisamos “cingir os lombos do nosso entendimento” (1 Pe 1.13), para aceitar mudanças em nossas interpretações favoritas das Escrituras e em nossas liturgias prediletas, porque a graça que vai ser revelada no último tempo precisa de odres novos. Isso não significa que devamos aceitar indiscriminadamente qualquer tipo de reforma. Precisamos fazer uma reforma dirigida pelo Espírito e fundamentada firmemente nas Escrituras e nas lições que podem ser aprendidas pelo estudo sério da história da igreja.
Na prática, então, precisamos estar intercedendo por avivamento e exortando a igreja a entrar em dores de parto para isso . Ao mesmo tempo, devemos implementar mudanças em nossos cultos e estruturas de governo que vão ser mais favoráveis ao mover do Espírito e que vão preservar o avivamento que virá. Se cremos que Deus vai derramar o seu Espírito como nunca antes, precisamos, desde já, alargar nossas tendas para acolher a grande colheita que virá.
Assim, devemos buscar com todo o nosso coração AVIVAMENTO e REFORMA!